Associação entre Doença de Carótidas e Coronariopatia obstrutiva
- Dr. Daniel Nunes
- 28 de jul. de 2020
- 2 min de leitura

Cerca de 1/3 das causas de mortalidade são por Doenças cardiovasculares e em até 50% dos casos um evento agudo é a primeira manifestação da doença aterosclerótica. Então é imperativo a utilização de métodos para o diagnóstico precoce de doenças ateroscleróticas de maneira não invasiva; já que quaisquer outros métodos invasivos não estão isentos de efeitos adversos ou complicações.
Assim o fator de risco mais importante para a presença de Doença Coronariana Obstrutiva (DAC) ou Infarto do miocárdio é a Presença de doença Coronariana Prévia ou a identificação de alguma lesão na parede da Artéria em contiguidade da Coronária (o que significa dizer que existe uma doença na parede dos vasos/Endotélio)
Pela proximidade de vasos centrais o estudo das Artérias Carótidas oferece boa correlação com lesão concomitante nesses vasos, para avaliar a reprodutibilidade do exame de carótidas recentemente foi divulgado um estudo pela SBC (Departamento de imagem cardiovascular DIC) que se mostrou bastante reprodutível e de grande valia na prática clínica. A especificidade da USV de carótida, tendo como referência a lesão de coronária, atingiu 61,3%, o que justifica, em alguns casos, a presença de lesão de carótida, sem placa coronariana. No grupo com lesões de carótidas e de coronária, 84,2% apresentavam acometimento carotídeo bilateral. Por outro lado, todos os pacientes que apresentaram obstrução de carótida > 50%, também apresentaram obstrução de coronária em grau equivalente.
A partir de uma análise multivariada que incluiu fatores de risco cardiovasculares tradicionais e presença de doença aterosclerótica carotídea em qualquer estágio, revelou que a maior significância estatística para a presença de coronariopatia associada era da Doença Carotídea (RC 2,58; IC 1,66-4,02; p<0,001).


Os fatores de maior prevalência nos pacientes com CAT positivo foram sexo masculino, idade > 54 anos, cor branca, HAS, DM, DLP, tabagismo e história familiar positiva para DAC precoce.
Assim, Nenhum paciente sem lesão de carótida apresentou obstrução significativa de artéria coronária, conferindo valor preditivo negativo de 100%.
Dentre as variáveis da amostra, a presença de placa aterosclerótica carotídea, em qualquer estágio, foi o único fator de risco com significância estatística para a presença de doença arterial coronariana obstrutiva.
Houve associação positiva entre grau de lesão aterosclerótica de carótida e de coronária. No grupo com alteração de carótidas, sem obstrução de coronárias, a minoria dos casos apresentou acometimento carotídeo bilateral.
No grupo de obstrução de carótida, com obstrução simultânea de coronárias, a maioria dos pacientes apresentou acometimento carotídeo bilateral.
1- Molina Filho et al. Avaliação de Carótidas em Pacientes com Suspeita de Coronariopatia; Arq Bras Cardiol: Imagem cardiovasc. 2020;33(2):abc65
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